Escolher as cordas para o seu violão deveria ser uma coisa simples mas quando nos deparamos com a grande oferta de marcas, materiais com os quais são confeccionadas e as mais variadas tensões, ficamos sempre em dúvida. Mas qual é a melhor?
Na verdade essa resposta depende de muitos fatores.
Falando mais especificamente das cordas de nylon, o mercado oferece uma boa gama de opções, tanto para as primas quanto para os bordões.
No que diz respeito às primas, podemos encontrar cordas confeccionadas em nylon, composite, carbono e titanium. Esses materiais produzem sons e sensações táteis ligeiramente diferentes.
Só para dar uma ideia dessas diferenças, vamos comparar o nylon e o carbono. De acordo com a minha percepção, o nylon normalmente emite um som mais aveludado e promove uma sensação tátil mais orgânica. Já as cordas de carbono emitem um som mais brilhante mas são um pouco mais rígidas, oferecendo mais dificuldade na exploração dos vibratos. Quando o aspecto é o volume, percebe-se uma acentuada vantagem para o carbono, o que acaba pesando na escolha.
As cordas de composite e titanium assim como o nylon e o carbono, também tem suas propriedades específicas. Em meus violões, as cordas de composite soam mais brilhantes e com mais volume que o nylon, mas apresentam um timbre menos orgânico, enquanto as de titanium aproximam-se mais do efeito tátil do nylon, porém com mais brilho.
Os bordões também podem apresentar suas especificidades. Há muitos materiais envolvidos nas ligas metálicas de cada modelo, no material interno e na textura externa. É possível encontrar no mercado bordões cuja liga metálica pode conter prata, e a textura pode variar entre a aspereza convencional e a totalmente lisa o que evitaria os ruídos de execução. O material interno pode ser confeccionado em nylon, composite, ou até em trançados específicos, como é o caso do dynacore.
Esses encordoamentos aparecem em varias combinações, e há empresas que vendem cordas separadamente, ou seja, você pode montar o próprio encordoamento de forma personalizada, fazendo a melhor combinação para o seu instrumento.
Bem, com essa considerável gama de opções, qual seria o melhor encordoamento para o seu violão?
Depende!
Quando você for escolher um encordoamento faça a si mesmo as seguintes perguntas:
Qual é a tendência de timbre do meu violão?
Se o seu instrumento é muito brilhante, um encordoamento com primas de carbono pode torná-lo muito metálico. Por outro lado, um instrumento muito aveludado pode comportar-se muito bem com as mesmas primas de carbono, que acentuarão o brilho que estaria faltando. Você deve testar vários tipos de encordoamentos até decidir qual é mais adequado para os seus objetivos.
Que volume eu quero tirar do meu instrumento?
O volume é um aspecto muito perseguido pelos violonistas por esse motivo muitos preferem encordoamentos de tensão mais pesada, que são mais resistentes ao impacto da mão direita e permitem mais agressividade. O carbono é um material que contribui para o acréscimo volume do seu instrumento. Para aqueles não priorizam o volume, cordas mais leves e de nylon devem ser mais adequadas.
Quanto eu quero me dedicar à exploração de aspectos interpretativos ao executar uma obra violonística?
A exploração dos aspectos interpretativos como vibratos e arrastes por exemplo, são facilitados pelos encordoamentos de tensão mais leve por serem mais flexíveis, porém apresentam um limiar de trastejamento maior, o que pode ser um problema para um instrumentista mais impetuoso.
Qual a sensação tátil eu quero ter ao tocar?
Há instrumentistas que priorizam o conforto e nesse caso não apenas a tensão mas também o material de confecção das cordas podem fazer muita diferença. Esse público costuma se identificar com os encordoamentos que apresentam os bordões lisos ou semi lixados.
Quando o assunto é a escolha da tensão correta o assunto pode ficar um pouco mais complexo e por esse motivo merece uma atenção especial.
A relação entre a tensão do encordoamento, a altura das cordas e a arquitetura do braço do instrumento interagem dramaticamente e podem enganar a percepção do instrumentista e consequentemente interferir em suas escolhas.
Em minha experiência como professor observo um comportamento quase padrão entre meus alunos. Entre os solistas há uma preferência pelas cordas pesadas. Quanto mais pesada a corda, mais forte se toca e por consequência mais o violão trasteja. O violonista levanta o rastilho na tentativa de evitar o trastejamento, o que o faz estudar ainda mais para desenvolver a musculatura necessária. É um ciclo sem fim que obriga a uma rotina de estudos cada vez mais intensa o que muitas vezes leva à uma tendinite.
Entre os jazzistas, percebe-se uma tendência pela escolhas de cordas mais leves, que favorecem a execução de frases mais rápidas com maior facilidade. Na busca pelo conforto, as tensões vão sendo aliviadas cada vez mais até que o trastejamento imponha um limite prematuro à emissão sonora. O som pode acabar ficando miúdo e inexpressivo.
Depois de 40 anos de carreira, nas minhas idas e vindas na busca do encordoamento ideal, cheguei às seguintes conclusões:
O instrumento não deve ser vencido. Ele tem que ajudá-lo e para isso deve estar regulado para você de forma extremamente personalizada. O ideal é pegar o violão e fazer música sem esforço. Se é necessário horas de estudo para aquecer corretamente e só então conseguir tocar no seu instrumento, você está num caminho improdutivo.
Acredito hoje que as diferentes tensões de encordoamentos são uma ferramenta de compensação para pessoas de estaturas diferentes. Para mãos maiores e com mais massa muscular - cordas mais pesadas. Para mãos menores e mais delicadas - encordoamentos mais leves. Daí para frente é regulagem de altura de rastilho. Lembre-se que a regulagem de altura do rastilho interfere no timbre.
A beleza e o volume do som estão mais relacionados com a forma com que você interage com seu instrumento do que com as características físicas do mesmo. Ou seja, compreenda seu instrumento e faça-o trabalhar a seu favor. Não brigue com ele.
Resumindo: violões diferentes, cordas diferentes, regulagens diferentes, para pessoas diferentes. Não há uma regra.
Meu takamine apresenta um grave exagerado, mesmo nas cordas primas, tocando ele sem plugar, o som fica sem brilho, já experimentei várias marcas de corda e tensão, o problemas persiste, quebrei a cara com esse violão? Tem como arrumar?
Gosto dos encordoamentos de alta tensão, mas tenho evitado usá-los, pois acredito que eles tensionam demais o rastilho, tenho medo que ele descole. Tenho razão nesse meu receio?